domingo

OFICINA EM CUIABÁ

Sexta, 28 de março de 2008, 16h08
CINEMA
Lilian Santiago ministra oficina em Cuiabá e traz conceitos inovadores de produção audiovisual

BEATRIZ SATURNINO
Assessoria/Inca

Pela terceira vez em Cuiabá, ministrando oficina de produção audiovisual a profissionais, estudantes de comunicação e admiradores do cinema, a produtora e realizadora Lílian Solá Santiago traz uma nova perspectiva de trabalho para o módulo de produção audiovisual das Oficinas Integradas de Cinema. O conceito trazido pela facilitadora, que também é mestre em integração latino-americana, é aliar teoria à prática, utilizando desde o momento da criação (idéia ou roteiro de um filme) até o manuseio da câmera e à elaboração de projetos audiovisuais.

Realizada pelo Instituto Cultural América (Inca) - instituição que organiza o 15º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá -, em parceria com a UNIC Pantanal Shopping, o objetivo da oficina, segundo Lilian, é “aprender sem achar que está estudando, ou seja, um aprendizado sem `dor`”.

“Vamos entender um pouco da produção audiovisual e suas várias facetas. Por isso será mesclada a teoria com a prática. Vamos pegar na câmera para quebrar o medo e ter intimidade com os equipamentos. É uma oficina para quem quer realizar projetos e não somente seguir uma carreira como produtor, com a visão de um mero contratado por uma empresa. É preciso muito mais que isso. Quem quiser ser um bom profissional tem que criar sua demanda, inventar e ser empreendedor”, destaca a facilitadora.

Para Lilian, não basta a um determinado realizador ter várias idéias se o mesmo não souber como colocá-las em prática. Assim, torna-se necessário desenvolver aptidões que envolvem o lado criativo e o lado racional, da administração do projeto idealizado. “Meu conceito para a realização em audiovisual envolve a idéia do diretor-produtor. Além da competência criativa, o profissional precisa pensar em ser empresário”.

Trajetória - O interesse pela sétima arte surgiu bem cedo na vida da paulistana Lílian Solá Santiago. Vinda de uma família de artistas, como filha temporã, já percebia toda a efervescência cultural familiar. “Aos sete anos passeava e brincava pelo set da TV Tupi, vendo como se fazia o jornal, que meu irmão apresentava com a Ana Maria Braga, no Jornal do Meio-Dia. Isso no final da década de 70”, informa.

O fascínio de Lilian pelo cinema veio ainda quando criança, através da participaçao como figurante no filme “Ao sul do meu corpo”, com roteiro de Paulo Emílio Salles Gomes, um dos grandes historiadores e críticos do cinema brasileiro, além de fundador do primeiro curso superior de cinema, na Universidade de Brasília.

“No intervalo das gravações vi a atriz principal vestida com aquelas roupas de época, belíssima, sentada na mesa comendo com todo mundo, junto de cinegrafistas, num lugar improvisado. Então pensei: eu quero essa vida, ser linda e falar palavrão sem problema”, relembra com graça.

No início dos anos 90, após o abalo no sistema de produção de filmes do Brasil com a extinção da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), praticamente todos os profissionais que trabalhavam com cinema migraram para a publicidade. Na época, Lílian cursava História na Universidade de São Paulo (USP), no período noturno, já que a única faculdade pública de cinema, a ECA, oferecia apenas aulas pela manhã, o que a impossibilitava de fazer o curso, já que precisava trabalhar.

“Naquela época em que todo mundo trabalhava em varejão de publicidade, eu tinha certeza que o cinema ia voltar. O que abriu a porteira foi ‘Carlota Joaquina, Princesa do Brasil’ (com direção de Carla Camurati - 1995)”, que impulsionou a retomada do cinema brasileiro,” disse a produtora.

Foi com o filme “Os Matadores”, primeiro longa-metragem de Beto Brant, em 1994, que Lílian participou efetivamente de uma produção de cinema, convidada para ser secretária de produção. Quando partiram a Bela Vista, no Estado de Mato Grosso do Sul, onde foi filmado o longa, ela virou assistente de produção, substituindo uma pessoa que tinha desistido. E, a partir daí, não parou mais, somando mais de 10 filmes em que trabalhou, desde assistente de produção até realizadora, diretora e produtora.

Um desses filmes foi o longa "Latitude Zero" (Toni Venturi – 2001), onde atuou como diretora executiva, com filmagens realizadas no município mato-grossense de Poconé. “Foi uma experiência interessante. Um choque cultural grande. Um mês de gravação e era muita poeira, tanto que a gente chamava de ‘Kosovo’, a cidade de produção. Cada filme é uma história nova, conquistamos conhecimentos novos e aprendemos coisas que a gente nem imaginava aprender quando tudo acaba, como se fizesse uma cirurgia mental. Já estive em Mato Grosso muitas vezes e percebo uma mistura de raças e culturas especial, além de que adoro a paisagem daqui, é linda”, pontuou Lilian.

Atualmente Lilian assina apenas a direção e produção de projetos próprios. “Eu gosto de ser um veículo de tradução para as pessoas que vão assistir meu filme. Com um olhar virgem que possibilita um resultado de transformação a quem assistir”, finaliza.

Fonte: SECOM-MT
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http://www.secom.mt.gov.br/imprime.php?cid=39749&sid=25

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