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FAMÍLIA ALCÂNTARA e BALÉ DE PÉ NO CHÃO são vencedores no II Bahia Afro Film Festival


Imagine todo povo negro junto. O mote da II edição do Bahia Afro Film Festival foi concretizado nos seis dias do Festival, que movimento a Senzala do Barro Preto, no Cururu, de 16 a 21 de dezembro, com produções cinematográficas, da África, do Brasil e demais países da Diáspora, ou seja, todo o povo negro junto pelo cinema. Comunidades populares, principalmente do Curuzu, Liberdade e bairros próximos comparecerem para assistir à filme que revelam o modo de ser da população negra pelo mundo, seus traços identitários, musicais, religiosos, entre outros aspectos.

O filme vencedor do BAFF foi o documentário Família Alcântara, de Lilian e Daniel Sola Santiago, destacado pela forma de abordagem do tema da ancestralidade negra e quilombola de uma família o norte de Minas Gerais. A Família Alcântara, documentada na obra, é composta por 65 pessoas e suas origens remetem-se à bacia do Rio Congo, no continente africano. Atualmente vivem na cidade de João Monlevade, na região mais conhecida como Vale do Aço (MG). Através de um intenso trabalho cultural seguem sua história, mantida por séculos de tradição oral.

Menções – Os obras A Vênus da Lapa, Sete Dias em Burkina, Balé de Pé no Chão e Manuel Zapata, Abridor de Caminhos receberam Menção Honrosa do júri do Festival, formado pelo ator, figurinista e diretor de arte, Nilson D´Argolo, pela antropóloga e roteirista, Nivalda Costa e pelo diretor de fotografia, Roque Araújo, que trabalhou em mais de 200 filmes, entre eles os de Glauber Rocha.
O curta A Vênus da Lapa, de Flávio Leandro, é uma ficção livre adaptada de um conto de Lygia Fagundes Telles. Com uma narrativa ágil e um roteiro conciso, aborda o preconceito racial e sexual, através da história de um homem que se apaixona por um travesti. O documentário Sete Dias em Burkina, de Carlinhos Antunes e Márcio Werneck, registra um festival anual de música que ocorre em Burkina Fasso, país da África Ocidental, no qual os valores culturais de diversas etnias africanas são revelados.
As duas outras menções foram para filmes que resgatam a história de personalidade artísticas negras do Brasil e da Colômbia. A trajetória da primeira bailarina clássica negra do Brasil, Mercedes foi apresentado no documentário Balé de Pé no Chão, de Lílian Santiago e Marina Monteiro. Já o poeta, ator, músico e antropólogo Manuel Zapata, considerado um ‘patrimônio cultural’ da Colômbia, foi retratado no filme Manuel Zapata, Abridor de Caminhos, de Maria Lopez.
Júri Popular – O público que assistiu aos filmes do Festival também pode escolher sua obra preferida, através de um consulta feita pela Casa de Cinema, após cada sessão. O melhor filme pelo Júri Popular foi o documentário Até Oxalá vai à guerra, dirigido por Carlos Pronzato e Stefano Barbi. O filme, que abriu o Festival na noite do dia 16 de dezembro, tocou o público pela proximidade do tema e pela realidade de intolerância religiosa revelada.
Os diretores abordam os conflitos que ocorrem em Salvador, em fevereiro de 2008, quando a Prefeitura Municipal demoliu o terreiro de Candomblé Oyá Onipó Neto, configurando um ato de intolerância religiosa e violência contra as matrizes culturais africanas. A produtora do filme, Deise Queiroz, ao receber o Prêmio Casa de Cinema, destacou a importância do registro de um fato tão relevante “para que ninguém esqueça como as religiões de matriz africana ainda continuam sendo discriminadas, mesmo nesta cidade de tão fortes marcas culturais negras”.
Homenagens – O Festival ainda homenageou cinco importantes agentes culturais que contribuíram para o fortalecimento da imagem do povo negro. Foram eles, o cineclubista Luis Orlando, falecido em 2006, a atriz Ruth de Souza, o publicitário João Silva, da Maria Publicidade, responsável pela criação de marcas de entidades e blocos afros, o cineasta e diretor do Instituto de Rádio-Difusão Educativa da Bahia (IRDEB), Póla Ribeiro e o fundador do bloco Ilê Aiyê, Antonio Carlos Vovô dos Santos, que recebeu o prêmio das mãos de músicos do grupo, dos homenageados e do diretor geral do Festival, o cineasta Lázaro Faria.
“Estamos muito satisfeitos com o resultado da segunda edição do Bahia Afro Film Festival, pela presença do público das comunidades, pela qualidade das obras exibidas e pelas temáticas abordadas. Esperamos ter contribuído de alguma forma, para o fortalecimento da cinematografia negra”, ressaltou Lázaro Faria, prometendo em 2010, um Festival ainda melhor.
Show – Para encerrar a grande noite, na qual a cultura negra esteve em evidência, um show reuniu as principais vozes negras da Bahia: Wil Carvalho, Márcia Short, Gerônimo, Aloísio Menezes e a banda Aiyê, com Guiguio, Graça Onasilê e demais cantores da ala de canto. O músico David Moraes ainda deu uma canja, ao lado do excêntrico Mestre de Cerimônia, Arygil, relembrando antigos sucessos do Carnaval baiano. O público celebrou da melhor forma possível, cantando e dançando a resistência da presença negra no Brasil e no mundo.

André Luís Santana
Fonte: Recebido por e-mail

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