segunda-feira

Agora é que são elas


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Fonte: AfroeducAÇÃO
Terça, 10 de março de 2009

As mulheres negras aliam o idealismo à técnica cinematográfica e estão adquirindo cada vez mais espaço nas telonas.

É possível que você não lembre os nomes das diretoras ou produtoras que realizaram os últimos filmes a que assistiu, mas, com certeza, elas estavam lá. No Brasil, as mulheres são maioria atrás das câmeras, segundo o cineasta Jeferson De, considerado um dos diretores negros mais bem sucedidos da atualidade. Para ele, “é fundamental a participação das mulheres como protagonistas da produção audiovisual. Sem elas nada há, nada acontece de fato”, enfatiza.

Lílian Santiago
Lílian Santiago, uma
das cineastas negras
de destaque, no Brasil

Lílian Santiago, cineasta, historiadora e mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo – USP, acredita que fazer cinema é sentir-se representada. “Mesmo os filmes que fiz que pareciam não ter a ver com a cultura negra, na verdade tinham, como por exemplo, o documentário Uma cidade chamada Tiradentes, que narra a vida dos moradores do bairro que tem o maior número de habitantes negros da cidade de São Paulo e isso não era o mote principal do filme”, conta. Ana Gomes, que começou a dirigir filmes há dois anos, após um curso de audiovisual que realizou na Central Única de Favelas (Cufa), uma organização não-governamental do Rio de Janeiro, compartilha as mesmas idéias de Lílian: “sou militante do movimento negro. É a partir desta referência que produzo, me expresso e vivo feliz”.

Na maioria das vezes, as diretoras e produtoras negras compõem o chamado “cinema independente”, ou seja, não filmam blockbusters, vídeos que estão em todas as salas de cinema das grandes metrópoles. Lílian, por exemplo, começou sua carreira na área como secretária de produção de Os matadores, de Beto Brant. A película foi lançada na década de 90. Este período ficou conhecido como a retomada do cinema brasileiro, após a passagem da Era Collor, quando foram extintas as instituições Embrafilmes, Fundação do Cinema Brasileiro e Ministério da Cultura e suas leis de incentivo. “Nos anos 80, eu fazia só vídeos publicitários”, lembra Lílian, salientando que os recursos financeiros para a produção de filmes eram escassos durante a ditadura militar no Brasil.

Talvez seja esse um dos motivos que levam Jeferson De a dizer que “fazer cinema é 97% de força de vontade e trabalho e 3% de sorte”. Ele ainda afirma que, por meio dos filmes, “podemos tornar o conceito de diversidade uma realidade”. É pela diversidade que também trabalha Ana Gomes: “Meu objetivo é combater o preconceito brasileiro, que é sistêmico, estrutural e simbólico, sou motivada a lutar contra ele em todos os momentos, desde a escolha das roupas que uso, da música que ouço, até os filmes que faço”, afirma.

Maria Cristina Amaral, que atua na área de cinema há mais de 20 anos, diz que só consegue pensar nessa arte como uma relação de entrega, de troca com o público e que não faz questão de levar a questão racial às telas. Para ela, ”o racismo tem que ser problema para quem é racista, que tem que se resolver para deixá-lo de ser”. Mas, por outro lado, a produtora de filmes como O Rito de Ismael Ivo (veja quadro no final da matéria), reconhece que a questão racial é importante e que “deve ser debatida também na literatura, no teatro, em todas as formas de arte”. Cristina ainda conta que o cinema é seu maior lazer e que sua vida profissional foi toda dedicada a ele.

Para Ana e Lílian, dirigir filmes é uma forma de realização e de encontro consigo mesmas. Ana, por exemplo, afirma ser este “um espaço de expressão e reflexão da alma e da condição humana”. Lílian, que convive com a sétima arte desde pequena, quando acompanhava um de seus irmãos mais velhos nas gravações da antiga TV Tupi, enaltece o fazer cinematográfico: “estar em um set de filmagem é extremamente contagiante, é um espaço de muita dedicação e amor”.

http://www.afroeducacao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95%3Aagora-e-que-sao-elas&Itemid=90

Um comentário:

  1. Oi, Lilian.
    Meu nome ´Alex Godfer e sou pianista.
    temos um grupo de bossa-nova e jazz e gostaria de lhe enviar um curriculo para apreciação.
    gostaríamos muito de trabalhar com trilhas para cinema ou documentários.
    nosso site é www.thetrees.com.br
    sucesso para você.
    Alex Godfer

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